Sobre a nova doença

Neste vídeo o Dr. Sergio Klepacz da Clínica TotalBalance nos dá dois pontos de vista sobre a nova doença.

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Transcrição

Eu não sou infectologista, mas o bom conhecimento do que está acontecendo, sempre ajuda mais do que essa coisa dispersa. Eu vou tentar trazer para vocês a minha visão pelo que eu tenho observado, pelo que eu tenho lido. Obviamente eu não lido UTIs, não sou linha de frente de UTI, mas eu acredito que estamos vivendo duas situações graves.

A primeira é a doença causada pelo Coronavírus e o segundo problema, que é mais a minha área de atuação, é a descompensação nível psíquico que toda essa situação, que é muito nova, está trazendo, que hoje, eu acredito, para, assim, a grande maioria da população. Vamos tentar entender um pouco essa doença. O vírus traz uma doença. O que é essa doença até então desconhecida?

Tentando fazer uma compilação do que eu tenho lido ou tentado observar. Nós temos basicamente dois aspectos da doença: uma é o próprio vírus, o ataque desse vírus que ele faz no organismo, causando as lesões, e o outro problema que nós temos é a resposta do organismo a esse ataque.

Às vezes, em algumas situações, parece que essa resposta pode ser pior até do que o vírus, ou seja, o corpo, no afã de se defender, ele pode provocar até uma espécie de suicídio, através de uma chuva, de uma liberação enorme de citoquinas inflamatórias, que são produtos que causam inflamação, e podem causar, por exemplo, o sangue se coagula dentro do próprio organismo, o que causa, possivelmente, a morte de algumas pessoas.

O que está acontecendo? Esse vírus, ele está aí já há milênios provavelmente. Existe aproximadamente um milhão e meio de vírus desconhecidos na natureza, então, provavelmente nós não ficaremos livres, essa pandemia vai passar, mas daqui, talvez, 100 anos aparecerão outras, não é? E qual que é a realidade que as pessoas estão acostumadas a escutar?

É que uma parte não tem grandes problemas e uma parte da população sofre particularmente e pode vir a óbito. Para nós entendermos o que está acontecendo com as pessoas, ou entendermos a situação em si, temos que ver o que que é a defesa, a resposta do organismo. Quando o organismo é atacado, ele pode ter dois tipos de resposta, ele sempre tem dois tipos de resposta: uma é a resposta do sistema imunitário, no sentido de combater o vírus, e o outro é a resposta inflamatória, no sentido de se defender do vírus ou também avisar ao hospedeiro que ele está sendo atacado.

A princípio, assim, nós vemos porque que as pessoas de mais idade, homens, ou pessoas que sofrem de doenças prévias estão mais debilitadas para receber esse vírus. Porque provavelmente tem o seguinte: é como se houvesse uma balança. Aqui é o sistema imunitário e aqui é o sistema inflamatório.

Quando nós temos uma imunidade boa, a inflamação é menor e vice-versa. À medida em que envelhecemos, ou quando não tem um bom equilíbrio físico, no caso da diabete, por exemplo, nós temos uma predominância da inflamação sobre a imunidade, então, provavelmente, deve ser esse o motivo pelo qual essas pessoas estão mais vulneráveis. Assim, como se a imunidade fosse o pessoal atirando no inimigo e a inflamação é o pessoal preparando a casa para a invasão, como se defender, como sobreviver à invasão. É mais ou menos assim.

E isso explica porque que certas condutas, certas atitudes nossas podem nos levar, possivelmente, a uma melhor defesa. Se fala em zinco, por exemplo, em termos de imunidade, que ajuda no sistema imunitário, a vitamina D, por exemplo, tomar sol melhora a imunidade, até um certo grau, obviamente isso tem que ser muito bem analisado tudo isso, e algumas coisas também que podem ajudar e diminuir o terreno inflamatório, por exemplo, sabe-se que o ômega 3, uma boa alimentação com peixes principalmente, que são ricos em ômega 3, ajudam isso aí, principalmente frutas vermelhas, berries e essas coisas ricas em antioxidantes, e, para aqueles que têm algum acompanhamento, podem tentar uma suplementação. Mas, obviamente, isso não é garantia de nada, é apenas uma ideia.

Uma das coisas que eu sei é que o estresse crônico é um grande inimigo da imunidade, pelo menos o estresse a longo prazo. No começo, a primeira onda de estresse, se você passa por alguma ameaça, o sistema imunitário será ativado, e o aumento do cortisol faz -que é a parte química do estresse- ele faz com que as células de defesa migrem para a periferia. Isso é uma resposta meio pré-civilizatória.

Vamos supor: se eu for atacado por um urso no meio do mato, então, você tomou um susto, então, automaticamente o cortisol orienta, fala para as suas células de defesa para te defender da infecção causada pela mordida do leão ou do urso, ou desse ferimento superficial. Porém, a partir do momento que você começa a viver o estresse crônico, essa tua defesa começa a falhar e você começa a ter problemas com imunidade. Tem que tomar muito cuidado com o estresse crônico.

Outra questão interessante é que quando você tem o estresse muito grande, o estresse orienta a metabolização do triptofano. O triptofano é um aminoácido essencial que forma a serotonina, principalmente durante o dia, ou a melatonina à noite. Por isso que quando nós temos uma inflamação grande, pegamos uma gripe forte, não dormimos direito, parece que existe um bloqueio da melatonina. Ele orienta o corpo a que o triptofano se transforme em quinurenina, que é um imunomodulador. Possivelmente, você tendo um bom sistema de drenagem do triptofano, fazendo a serotonina, fazendo a melatonina, você teria, possivelmente -e a quinurenina- um controle melhor do sistema imunitário. Possivelmente uma das coisas que estaria explicando aí essa questão toda. Mas ninguém sabe exatamente com certeza.

Vamos pensar em atitudes mentais positivas para impedir o estresse crônico. Eu já falei no vídeo anterior, a questão da higiene e do sono, uma boa alimentação, manter os bons relacionamentos, para evitar o estresse, evitar discussões, evitar, nesse momento, conflitos, e tentar fugir das más notícias.

Eu acho que nós estamos tendo que desligar a televisão um pouco. Televisão está trazendo muita má notícia, está dando essa coisa do desespero, pode até ser a realidade, mas nós não precisamos viver isso no dia a dia. Isso não está sendo bom para algumas pessoas. Claro, tem pessoas que não têm problema, tem pessoas que são particularmente sensíveis, e eu aconselho a desligar a televisão e ficar longe disso.

E manter um nível de otimismo, porque o otimismo com certeza combate o estresse crônico.

Boa sorte, pessoal.

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Publicado por Dr. Sergio Klepacz

Dr. Sergio Klepacz CRM 39099 – Médico psiquiatra desde 1983 pela Santa Casa de São Paulo, mestrado em psicofarmacologia pela Unifesp. Diretor da clinica TotalBalance Medicina Integrada.

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