Programa Pergunte Ao Psiquiatra – S1E1

Programa Pergunte Ao Psiquiatra Episódio 1: Depressão

No 1º Programa Pergunte Ao Psiquiatra, o Dr. Sergio Klepacz da Clínica TotalBalance, conversa com a apresentadora Juliana Haas sobre depressão.

Nesta entrevista, você vai aprender:

  • Quem é o Dr. Sergio Klepacz.
  • O que é a depressão.
  • Quais são os sintomas.
  • E como identificar a depressão.

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Transcrição

Juliana Haas – Olá. Sejam bem-vindos ao Programa Pergunte ao Psiquiatra. Hoje com o doutor Sérgio Klepacz, médico psiquiatra pela Santa Casa São Paulo, de 1983, é isso?

Drº Sergio Klepacz – Sim, que é quando eu terminei.

Juliana Haas – Mestrado em psicofarmacologia pela Unifesp?

Drº Sergio Klepacz – Sim.

Juliana Haas – E autor dos livros. São três livros, não é?

Drº Sergio Klepacz – Sim. O Sutil Desequilíbrio do Estresse, foi o último que eu escrevi com a Bel César e o Lama Michel Rinpoche, sobre estresse. O primeiro livro Uma Questão de Equilíbrio e o segundo Equilíbrio Hormonal e Qualidade de Vida.

Juliana Haas – E atual, então, diretor da Clínica Total Balance?

Drº Sergio Klepacz – Sim.

Juliana Haas – Que, inclusive, estamos gravando aqui hoje.

Drº Sergio Klepacz – Sim.

Juliana Haas – Vamos conhecer um pouquinho mais o doutor Sérgio. Me conta quem é esse médico.

Drº Sergio Klepacz – Psiquiatra desde 1982, 83… 1980. Na verdade, eu me considero uma espécie de dinossauro da psiquiatria, porque eu vivi uma época que não existe mais. Os tratamentos, toda a abordagem, tudo praticamente mudou, não existe mais nada daquilo que eu aprendi quando eu tinha 20 e poucos anos, não existe mais.

Juliana Haas – Mudou tudo?

Drº Sergio Klepacz – Houve uma evolução muito grande, e muito boa. Muita gente reclama, digamos, se queixa, “ah, mas eu faço tratamento, tomo tal coisa, tal coisa, tal coisa, e agora?”. Às vezes assim, falo até brincando, “sorte que você não estava aqui há 40 anos atrás, para você ver como é que o tratamento ia ser bem pior”. Os remédios, toda a abordagem era bem mais difícil.

Juliana Haas – Hoje todo mundo fala na tal da depressão, né? O que que é a depressão? O que que está acontecendo no mundo?

Drº Sergio Klepacz – Já estava, de certa forma, previsto que depressão ia ser uma dar maiores morbidades do planeta. Hoje nós temos uma estimativa de que 5% da população mundial já se encontra em estado de depressão. Às vezes eu até falo que existe uma grande praga afetiva, uma grande epidemia depressiva.

Juliana Haas – Isso tornou-se mesmo uma epidemia?

Drº Sergio Klepacz – Sim, sim. É uma epidemia mesmo, de verdade. Com consequências em prejuízo econômico dos países, as pessoas não vão trabalhar, o custo de saúde pública, o consumo de medicamentos antidepressivos já é uma coisa enorme, é uma indústria brutal.

Juliana Haas – E como que a pessoa percebe quando está com depressão? Quais são sintomas?

Drº Sergio Klepacz – A depressão é uma doença, digamos, que tem várias facetas, e os sintomas podem ser bem distintos: a pessoa pode se sentir muito desanimada, pode ter alteração do ciclo do sono, pode sentir muita dor, angústia. Nós colocamos todo esse balaio, de certa forma, o que chamamos de depressão, mas, basicamente, o que temos é uma mudança em relação ao que a pessoa era antes e o que ela é agora, em termos de capacidade (laborativa), em termos de sentir-se bem, de sentir-se plena. Então, a pessoa deixa de ter essas características, às vezes sente muita tristeza ou muito desânimo.

Juliana Haas – Nós brincamos muito às vezes na internet, nas redes sociais, “ah, eu estou plena”. E isso está difícil hoje em dia, da pessoa de sentir realmente feliz.

Drº Sergio Klepacz – É, o mundo ficou muito complexo. Ficou muito complexo. Era mais simples. Eu tenho essa sensação que era mais simples.

Juliana Haas – Sim.

Drº Sergio Klepacz – Você imagina assim, as pessoas perguntam: “mas por quê? O que está acontecendo? Por que vivemos essa epidemia de depressão? Por que a depressão está aumentando no mundo?”. A depressão, basicamente, falando a grosso modo, é um fenômeno do pós-estresse.

Então, sempre, antes de uma depressão, existiu um grande estresse, ou um estresse prolongado ou estresse agudo, que acabou se cronificando e virando uma depressão. E hoje não faltam motivos de estresse. O que é o verdadeiro estresse? Tem aquele falso estresse. Sabe aquela coisa, “ah, estou trabalhando muito, estou estressado”?

Juliana Haas – E nem está nada. ((risos))

Drº Sergio Klepacz – E nem está nada. Você está fazendo o que você gosta, está bem, está tranquilo, está pleno, aquilo não é o verdadeiro estresse. Aquilo não vai te levar para uma depressão. O verdadeiro estresse é quando você tem a subida do hormônio de estresse, que chama-se cortisol, é um dos principais hormônios do estresse, e aquilo acontece quando algumas situações tomam conta da sua vida, que lhe remetem uma insegurança, por exemplo, isolamento social. O ser humano não pode viver isolado.

Você começa a viver isolado, você vai entrar em estresse crônico e depressão. Sensação de ameaça, sentir-se ameaçado, realmente ameaçado, a sua integridade física ou psíquica está ameaçada. Por exemplo, a perda de uma pessoa, perda de um relacionamento que era importante para o seu equilíbrio emocional. A perda desse relacionamento pode levar à depressão. E uma outra coisa que tem contribuído com a depressão é a incapacidade de compensar frustrações.

Nós precisamos compensar frustrações. Temos que sair, trabalhar muito, e no final do dia ou fim de semana, fazer alguma coisa que gostamos para compensar essa frustração. E muita gente, hoje em dia, trabalha 12, 14 horas por dia, simplesmente não tem tempo para conseguir isso.

Juliana Haas – E às vezes até ela preenche o tempo com isso, não é? Talvez por estar muito isolada já de tudo, e às vezes não se sente feliz com nada, acaba preenchendo o tempo com trabalho.

Drº Sergio Klepacz – É, sem dúvida. Hoje, vemos as pessoas tendo um volume, digamos, de estresse maior. Por isso que estamos avançando em termos de depressão. Imagina antigamente, as pessoas talvez tivessem uma sensação de segurança, o mundo era talvez mais simples. Vamos supor, se teu pai era um padeiro, as suas chances de ir lá assumir a padaria era grande, você já estava, de certa forma, predestinado.

Juliana Haas – Sim.

Drº Sergio Klepacz – Você via antigamente, as pessoas moravam, inclusive, na mesma casa. A família, ia morrendo um, ia aparecendo outros.

Juliana Haas – E isso gera uma tranquilidade, eu acho que, na mente da pessoa, não é? “Já estou encaminhado…”

Drº Sergio Klepacz – Sim, sim. Para evitar o estresse, você precisa ter uma sensação de que você controla, pelo menos, o teu futuro. Teu futuro está em algum controle. Quando você está totalmente solto, tudo pode acontecer, isso, por si só, já é uma situação que aumenta o cortisol e aumenta o estresse.

Juliana Haas – Exatamente. Eu até já senti isso, eu até ia falar. Eu já tive crise de ansiedade e eu sinto tonturas. É comum sentir? Cada pessoa acho que tem um sintoma diferente.

Drº Sergio Klepacz – Sim, sim, claro.

Juliana Haas – Assim, para quem está nos assistindo e está querendo se identificar também, o que que ela pode sentir?

Drº Sergio Klepacz – Em geral assim, quando a pessoa tem um aumento de estresse, talvez numa primeira fase você tem o aumento da ansiedade. Por exemplo: quando sobe o teu cortisol, hormônio do estresse, ele também é o hormônio do medo.

Quando você está naquela fase que se sente inseguro e muito medo, você está naquela fase de descontrole do cortisol. Isso vai te levando à perda de apetite, vai te levando à dificuldade em termos de sono, é como se teu cérebro não pudesse parar de pensar, tivesse muito ligado, que é um mecanismo de defesa.

A depressão ou ansiedade não deixa de ser um mecanismo de defesa primário. Isso vai te levando à uma situação crônica em que o cérebro vai tendo que se desligar automaticamente, porque ele não pode viver em excesso de demanda, o cortisol não pode ficar o tempo todo sendo liberado, o cérebro não pode viver em excesso de excitação. Aquilo vai desligando mesmo que você não queira.

Juliana Haas – Sim. Ele vai mandando sinais, não é?

Drº Sergio Klepacz – Em geral desliga a parte racional e você fica à mercê do seu emocional, e isto é a ansiedade. E quando você começa a perder a capacidade de controlar os seus pensamentos também, e só pensa coisa ruim, você está em depressão.

Juliana Haas – É isso aí. Por hoje é isso. Espero que vocês tenham gostado da nossa conversa aqui com o doutor Sérgio. Trouxemos algumas dúvidas dos nossos seguidores, e vocês podem deixar todas as dúvidas aqui nas redes sociais. Eu vou pedir um like para quem gostar do vídeo, se inscreve no canal, ativa o sininho para receber as notificações.

Nos acompanhe nas redes sociais, aqui na Total Balance, que é o Instagram da clínica. Se quiserem seguir o meu também, é ju_haas, que eu sou apresentadora, influencer, estou passando por um monte de coisa também desses nossos estresses aí do mundo digital. E é isso. Obrigada pela entrevista e até na próxima semana.

Drº Sergio Klepacz – Até.

Juliana Haas – Um beijo, tchau.

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Publicado por Dr. Sergio Klepacz

Dr. Sergio Klepacz CRM 39099 – Médico psiquiatra desde 1983 pela Santa Casa de São Paulo, mestrado em psicofarmacologia pela Unifesp. Diretor da clinica TotalBalance Medicina Integrada.

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